Revista Espiritual de Umbanda

Iniciamos agradecendo a todos que ajudaram na realização deste projeto, implantado por este aparelho, o editor Marques Rabelo.

Muitos são os caminhos, tortuosa é a estrada para se chegar aos fatos, à história. Mesmo registrada em todos os planos, nossa história não é a mesma de vocês. Nossa história é a da imortalidade do Espírito, uma história infinitamente maravilhosa, que cada um deve construir buscando o máximo de compreensão no processo evolutivo de crescimento individual.

Este porta-voz, esta revista que vos fala de Umbanda, busca na luz da razão, nos mentores expressos, através de seus médiuns, à luz do raciocínio, as metáforas metafísicas, para explicar aquilo que mais simples é: Nada pára, tudo continua. Aquilo que é estranho para uns, é verdade para outros.

Por isso agradecemos, na humildade, a compreensão de cada irmão em nossos postulados, em nossos objetivos, que é o de libertá-los das algemas do karma coletivo, soltá-los para a imortalidade, para a obra maior, que é ajudar os irmãos não esclarecidos, envoltos pela ignorância e pela insensatez, condicionados à matéria.

Trazemos à vocês, da imortalidade, a obra do Caboclo Mirim, na dedicação, determinação e transparência de seu médium, Benjamim Figueiredo, homem que na matéria dedicou sua vida à espiritualidade de Umbanda. Homem que levou sua irradiação a centenas de templos, centenas de irmãos… Médiuns em busca de caridade operaram através de suas Entidades. Reconhecer a obra de Caboclo Mirim é reconhecer a Umbanda, é reconhecer a espiritualidade. Mesmo no antagonismo dos dias de hoje, não podemos nos esquecer de todos aqueles que dedicaram seus dias no planeta em prol do crescimento universal.

Benjamim Figueiredo, sem dúvida, é um desses. Homem que teve em sua vida a maior prova de determinação, pois abriu mão de toda a luxúria pessoal, inclusive, de sua própria história. Porém, que seja feita a justiça através dos canais vibratórios da evolução, não deixando passar em vão essa obra. Por isso, este porta-voz de Umbanda, esta revista, retrata em suas páginas a trajetória desse obstinado homem da paz.

(Pelo Espírito Pedro Miguel)

Benjamim Figueiredo e Caboclo Mirim

1924 Inauguração da Tenda Mirim

“Sr Benjamim Figueiredo esteve à frente de uma obra extraordinária, seja a Tenda Mirim ou o Primado de Umbanda, além de ter incentivado o primeiro e segundo Congresso Brasileiro de Umbanda, realizados respectivamente em 1941 e 1961, e também do Colegiado Espiritualista do Cruzeiro do Sul, Círculo de Escritores e Jornalistas de Umbanda do Brasil, da qual foi Conselheiro Nato.”

“Benjamim Figueiredo, recolhendo as lições de nosso Mestre Caboclo Mirim, deu-nos um novo conceito de Moral, por sinal o único que se poderá ajustar aos conceitos jovens de vivência social e que melhor situa a mensagem Humanista da Religião de Umbanda.”

(Decelso)

Felix Nacimento Pinto

1960 Funda o Primado de Umbanda em São Paulo

Félix Nascentes Pinto nasceu a 1º de abril de 1900, no Estado do Rio de Janeiro. Em 1911 mudou-se para o então Distrito Federal, e, aos 25 anos sentiu sua primeira manifestação mediúnica. Procurou então o sr. Benjamim Gonçalves Figueiredo que possuia uma Tenda de Umbanda na rua São Paulo. Começou ali, na Tenda Mirim, seu desenvolvimento como médium e umbandista. Assim amparado e com muita vontade de pesquisar e trabalhar, começou seu estágio.

Felix achou que deveria ir para a Bahia em virtude da grande perseguição que naquela época sofria a Umbanda na cidade do Rio de Janeiro. Foi para Salvador, ficando com José da Silva Costa, da Nação de Angola. José era filho de mãe africana e pai português. Félix dizia: “Onde José da Silva Costa põe o pé eu não coloco a mão. A ele rendo minhas homenagens e respeito”.

Durante quase um ano Félix ficou ali, até sua “feitura de cabeça”. Após a Revolução de 1930 transferiu-se para São Paulo. Aí encontrou também bastante dificuldade e acirradas perseguições aos umbandistas, mas sua fé era inabalável, e continuou seu trabalho graças à proteção dos Guias. Encontrou no bairro de Vila Anastácio uma casal que, muito às escondidas, praticava a Umbanda. Félix juntou-se a eles e continuou a praticar o culto.

Entrevista ao Sr. Mirim Paulini Figueiredo

2004 – 80 Anos da Tenda Espírita Mirim

Em 1920 a família Figueiredo realizava sessões Kardecistas na Rua Henrique Dias nº 26, Estação do Rocha, Rio de Janeiro. No dia 12 de março o Médium Benjamim Gonçalves Figueiredo incorporou pela primeira vez o Caboclo Mirim, grande Mestre que veio ensinar a Escola da Vida, que poucos conheciam na época. Após sua chegada, anunciou que aquela seria a última sessão de Kardec, e que as próximas passariam a ser de Umbanda. Em uma de suas mensagens disse que a partir daquele momento a Tenda Espírita Mirim seria reconhecida mundialmente, e advertia que a mesma seria uma organização única no gênero em todo o Brasil, cujo método seria adotado por outras Tendas, até mesmo em outros Estados da Federação, o que mais tarde teríamos a oportunidade de comprovar.

Gostaria que o senhor nos falasse um pouco sobre a sua iniciação na Umbanda, visto já ter praticamente nascido dentro dela.

“Minha mãe estava com uns 14 dias de gravidez, sem ainda saber, quando a Entidade do meu pai veio e disse que ela estava esperando um filho homem, e que seria o seu sucessor. Eu estou aqui na Tenda Mirim desde que ainda usava fraldas, e, há 17 anos, quando meu pai partiu, assumi o comando aqui.”

Os estudos da liturgia e da doutrina da Tenda Mirim começaram em que época?

“Em 1925 já começamos a dar aulas para os médiuns na Tenda. Todas as segundas-feiras nós damos aulas aqui. A Tenda Mirim foi, com certeza, a primeira Escola Iniciática de Umbanda.”

A Escola Iniciática nasceu da necessidade de formar médiuns?

“Exatamente. A escola foi fundada em 1925, e meu pai, por causa disso, foi preso sete vezes, pois havia muita repressão. Foi o Caboclo Mirim, Entidade de meu pai, que pela primeira vez disse: “Vou trazer a Escola de Umbanda, com seriedade, sem imagens de igreja”. Com a escola veio a hierarquia espiritual, dividida em sete graus; o médium que entra na Tenda é um iniciante, um Bojámirim, depois, Bojá, depois, Bojá-guassú, que é o médium de terreiro que dá o passe, que é o terceiro grau, depois vem o quarto grau, que é o Subchefe de Terreiro, que é o Abaré-mirim, que começa a vislumbrar a chefia, depois vem o Chefe de Terreiro, depois o Subcomandante-chefe de Terreiro, que é o sexto grau, depois vem o CCT, Comandante Chefe de Terreiro, que são os comandantes de filiais e outros que ainda não estão comandando mas estão fazendo escola para comando.

Todas as Tendas filiadas seguem a liturgia da Tenda Mirim?

“Com certeza. Eu corro as casas semanalmente para verificar se está tudo de acordo, e se não estiver, eu afasto.”